quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Foi notícia em Dezembro de 1964...

O MELHOR POLÍCIA SINALEIRO DE LISBOA

Colecção particular


Colecção particular
Toda a gente o conhecia. Geralmente encontrava-se no cruzamento da Rua Tomás Ribeiro com a a Avenida Fontes Pereira de Melo. Tornou-se numa figura popular devido ao seu estilo e gestos próprios de um perfeito profissional. Era um verdadeiro espectáculo poder observa-lo a orientar o tráfego  gestos e passo elegantes, quando ele entrava de serviço os "engarrafamentos de trânsito" terminavam... tudo fluía naturalmente, tudo se movimentava ao seu redor, e ele ali no meio do cruzamento não parava, era realmente extraordinário! E sempre que passava de carro e o cumprimentava, ele fazia a continência sorrindo...

Colecção particular

Chamava-se Júlio Serra Inácio: "é sinaleiro há meia dúzia de anos, (escreve o repórter) metade de Lisboa o vê todos os dias. Muitos cumprimentam-no. Ele retribui com a continência característica, acompanhada de um sorriso largo, sem interromper os seus gestos de comando."

Colecção particular
"O Sr. Serras Inácio também é automobilista e, como não podia deixar de ser, peão. Por isso conhece bem os problemas de cada um destes grupos e, como era de prever, atribui culpas a todos, igualmente divididas, que é para nenhum se salientar."

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"O sinaleiro está condicionado por várias circunstância, o automobilista tem sempre demasiada pressa e o peão muito de inconsciência. Diz ele. «Torna-se urgente que todos se compenetrem dos seus deveres. O que conduz tem de respeitar a prioridade do peão nas passadeiras e este tem de se convencer a atravessar unicamente por ela e não por qualquer lado, consoante lhe apetecer...»"

Coordenação: marr

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O Grande Café Nacional em Lisboa

Teve que se fazer uma grande remodelação da antiga loja, demolindo a sobre-loja e engrandecendo o espaço até à máxima ampliação, para assim nascer o Grande Café Nacional, na Rua 1.º de Dezembro, esquina sul da Calçada do Carmo.

Esquina da Rua 1.º de Dezembro com a Calçado do Carmo
(colecção particular)

Mas damos a palavra aos jornalistas da época, 1924:
" nas paredes predominam os arcos e este partido majestoso foi adoptado também nas entradas, que tem portas duplas e que são igualmente arcos envolvidos. Os das paredes são interrompidos por "seguintes", que se desenvolvem em toda a extensão e seguimento parietal. Não há, pois, monotonia de linhas: Dá-se o contraste das curvas dos arcos com a composição das rectas do tecto, o qual fica a sete metros do chão"

"Toda a modulação decorativa - motivada em cardos e em folhas de carvalho - tem uma patine bronzeada e a estrutura geral do tecto, continente dessa decoração, é sustida por dois pilares e mísulas que ostentam escudos das principais cidades portuguesas. Os fundos das paredes são revestidos por painéis de azulejo, emoldurados nos referidos arcos envolvidos e encimados por "cartouches" decoradas com esferas armilares - insígnias dos estilos nacionais. Esses painéis, a azul e branco, devem-se à arte de Jorge Colaço e são em número de oito, representando Trás-os-Montes, por um pelourinho dos mais nobremente antigos; o Minho pelo castelo de Guimarães; o Douro, por um trecho do rio sob a ponte D. Maria Pia; a Beira Alta, pelo parque do Fontelo; a Beira Baixa por um pedaço da grande lagoa da Serra da Estrela; a Estremadura, por um fundo azul do Tejo em que se ergue a Torre de Belém; o Alentejo, pelo templo de Diana e o Algarve pelo promontório de Sagres."

Interior do café com o respectivo pessoal
(Colecção particular)














" A parte inferior das paredes é forrada por um lambri de mármore brunido, de um belo tom castanho claro, esculpido em cordame náutico. Os tons da pintura foram escolhidos entre os claros - alaranjado e lilás - o que aproveita a máxima reflexão de luz e harmoniza perfeitamente com o azul e branco dos azulejos. A iluminação nocturna é constituída por 22 "plafonniers" e 8 candeeiros triplos. Colocados nas pilastras, sob as mísulas."

Outro aspecto do majestoso Nacional
(Colecção particular)

"As fachadas do café,  são todas de pedra branca. A que olha para a Rua 1.º de Dezembro tem sobre as partes reentrantes os escudos citadinos de Lisboa e Porto, em magníficos relevos. É rasgada por três portas monumentais, com arcos duplos envolvidos. A que dá para a Calçada do Carmo tem esculpido o escudo de Coimbra e é rasgada por dois janelões emoldurados igualmente em arcos envolvidos. Tanto as portas como os janelões são em ferro forjado, trabalhado artisticamente, com "panneaux" de vitrais e com rosáceas que abrem, estabelecendo uma franquíssima e sempre renovada ventilação. A cor dominante dos vitrais é o amarelo- dourado que, com detalhes de azul e de vermelho, dá um equilíbrio suavíssimo à forte luz do ambiente."

"No cimo exterior da esquina vai colocar-se brevemente um candelabro artístico em bronze, de quatro faces envidraçadas de arestas chanfradas e decorado com motivos iguais aos da ornamentação interior". (1)

Arquitecto Deolindo Vieira
(Colecção particular)
Toda esta obra artística deve-se ao Arquitecto Deolindo Vieira que foi coadjuvado pelo Mestre de construção civil António de Carvalho.

O Grande Café Nacional foi destinado, nessa altura, a ser um estabelecimento aparte do seu género, sendo frequentado por senhoras e grupos familiares que ali iam ouvir o quarteto musical que foi organizado pelo professor José Henriques dos Santos e todos os dias, à tarde e à noite, executavam diversos programas de concerto.

Em toda a extensão do estabelecimento foi cavado um amplo subterrâneo que funcionava como cervejaria e que além da comunicação interior, tinha outra particular pela Calçada do Carmo. 

O salão de Bilhares, que também era pertença do Grande Café Nacional, encontrava-se num grande espaço, no prédio contíguo, que tinha os números 47 a 53 da Rua 1.º de Dezembro.

(1) Aonde terão ido para os painéis de azulejos e a restante decoração?

Coordenação do texto e imagens: marr