sexta-feira, 5 de abril de 2013

Angola

SÁ DA BANDEIRA

Sá da Bandeira no século XIX. Gravura da época. (Colecção particular)
Nas últimas décadas do século XIX, verifica-se que o esforço colonizador dos portugueses estava seriamente ameaçado em Angola, e que uma série de combinações internacionais preparava "ambiente" para que o território português ultramarino fosse desagregado.
Sá da Bandeira em 1888. Gravura da época (Colecção particular)
Era necessário efectuar a ocupação europeia até às mais recônditas fronteiras angolanas. Por outro lado, a presença dos bóeres no sul de Angola (holandeses emigrados da África do Sul, depois de vencidos nas lutas anglo-boers que ali se travaram) não era de modo a estabelecer, naquelas paragens, o sentido nacional que era necessário que o Ultramar português tivesse.
Casa do Director de Distrito, c.1890 . Gravura da época (Colecção particular)










Urgia, portanto que a penetração europeia que se iria efectuar fosse feita por portugueses. A primeira leva de emigrantes madeirenses contratados pelo governo português, pelo espaço de cinco anos , partiu a bordo da canhoneira «Índia» no ano de 1885.
Vista aérea de Sá da Bandeira, década de 1950.(Colecção particular)











Esta emigração em larga escala para aquelas paragens já não era inédita. Havia casos de famílias algarvias, do ramo piscatório, que já se tinham fixado em Moçâmedes e em Porto Alexandre e ali exerciam a sua actividade.. Mas pela própria razão da sua "arte" não se afastaram do litoral.
Sá da Bandeira. Escola Agro-Pecuária do Tchi
(Colecção particular)
Com estes emigrantes madeirenses a situação era diferente. Eles eram lavradores e o fértil planalto de Huíla esperava por eles. Do seu contrato tinham recebido uma caixa com ferramentas, uma pá e trinta patacas. E apoiados nisto e no esforço hercúleo dos seus braços lançaram-se na grande aventura da sua vida.

Sá da Bandeira. Colégio Padre Frassinetti











É de epopeia essa vida, desde o seu desembarque em Moçâmedes  a travessia do deserto, o internamento pela selva, a subida da Serra da Chela até à chegada ao Planalto, onde construíram os primeiros barracões, dando início, com eles, à povoação que viria a transformar-se na cidade de Sá da Bandeira, hoje Lubango.
Sá da Bandeira. Casino da Senhora do Monte.
(Colecção particular)

Nessa travessia memorável  os 1 300 novatos dos sertões africanos tudo sofreram, desde o temor pelo desconhecido à luta contra os elementos da natureza, o cansaço, a doença e a morte de muitos.
Sá da Bandeira. Liceu Diogo Cão. Postal ilustrado (Colecção particular)

Sá da Bandeira. Piscina do parque de N. S. do Monte.
Postal ilustrado (Colecção particular)





















Sá da Bandeira. Capela de N. S. do Monte
Postal ilustrado (Colecção particular)

Estes velhos colonos, que se conservaram iguais a si próprios, ao que eram os seus pais e os seus avós no torrão madeirense, talvez não tenham tido a consciência do que representou para o seu País a valorosa acção das suas vidas obscuras. Eles escreveram com o seu trabalho, com o seu sangue, com o seu suor, com as suas desilusões e alegrias, com as suas lutas e os seus sonhos uma das mais belas páginas da história de Angola, tendo demarcado definitivamente com o seu esforço e a sua presença as fronteiras sul daquele território.


Sá da Bandeira. Grande Hotel Huíla. Postal ilustrado (Colecção particular)
Coordenação do texto e ilustrações:marr


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