SÁ DA BANDEIRA
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Sá da Bandeira no século XIX. Gravura da época. (Colecção particular) |
Nas últimas décadas do século XIX, verifica-se que o esforço colonizador dos portugueses estava seriamente ameaçado em Angola, e que uma série de combinações internacionais preparava "ambiente" para que o território português ultramarino fosse desagregado.
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Sá da Bandeira em 1888. Gravura da época (Colecção particular) |
Era necessário efectuar a ocupação europeia até às mais recônditas fronteiras angolanas. Por outro lado, a presença dos bóeres no sul de Angola (holandeses emigrados da África do Sul, depois de vencidos nas lutas anglo-boers que ali se travaram) não era de modo a estabelecer, naquelas paragens, o sentido nacional que era necessário que o Ultramar português tivesse.
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Casa do Director de Distrito, c.1890 . Gravura da época (Colecção particular) |
Urgia, portanto que a penetração europeia que se iria efectuar fosse feita por portugueses. A primeira leva de emigrantes madeirenses contratados pelo governo português, pelo espaço de cinco anos , partiu a bordo da canhoneira «Índia» no ano de 1885.
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Vista aérea de Sá da Bandeira, década de 1950.(Colecção particular) |
Esta emigração em larga escala para aquelas paragens já não era inédita. Havia casos de famílias algarvias, do ramo piscatório, que já se tinham fixado em Moçâmedes e em Porto Alexandre e ali exerciam a sua actividade.. Mas pela própria razão da sua "arte" não se afastaram do litoral.
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Sá da Bandeira. Escola Agro-Pecuária do Tchi (Colecção particular) |
Com estes emigrantes madeirenses a situação era diferente. Eles eram lavradores e o fértil planalto de Huíla esperava por eles. Do seu contrato tinham recebido uma caixa com ferramentas, uma pá e trinta patacas. E apoiados nisto e no esforço hercúleo dos seus braços lançaram-se na grande aventura da sua vida.
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Sá da Bandeira. Colégio Padre Frassinetti |
É de epopeia essa vida, desde o seu desembarque em Moçâmedes a travessia do deserto, o internamento pela selva, a subida da Serra da Chela até à chegada ao Planalto, onde construíram os primeiros barracões, dando início, com eles, à povoação que viria a transformar-se na cidade de Sá da Bandeira, hoje Lubango.
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Sá da Bandeira. Casino da Senhora do Monte. (Colecção particular) |
Nessa travessia memorável os 1 300 novatos dos sertões africanos tudo sofreram, desde o temor pelo desconhecido à luta contra os elementos da natureza, o cansaço, a doença e a morte de muitos.
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Sá da Bandeira. Liceu Diogo Cão. Postal ilustrado (Colecção particular) |
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Sá da Bandeira. Piscina do parque de N. S. do Monte. Postal ilustrado (Colecção particular) |
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Sá da Bandeira. Capela de N. S. do Monte Postal ilustrado (Colecção particular) |
Estes velhos colonos, que se conservaram iguais a si próprios, ao que eram os seus pais e os seus avós no torrão madeirense, talvez não tenham tido a consciência do que representou para o seu País a valorosa acção das suas vidas obscuras. Eles escreveram com o seu trabalho, com o seu sangue, com o seu suor, com as suas desilusões e alegrias, com as suas lutas e os seus sonhos uma das mais belas páginas da história de Angola, tendo demarcado definitivamente com o seu esforço e a sua presença as fronteiras sul daquele território.
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Sá da Bandeira. Grande Hotel Huíla. Postal ilustrado (Colecção particular) |
Coordenação do texto e ilustrações:marr
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