Junho é o mês dos Santos Populares, o mês dos manjericos, dos grilos e
das alcachofras. Lembrando-nos as noites de folguedo, os cantos à desgarrada,
os bailaricos, os saltos das fogueiras, o cheiro a sardinha assada e as
multidões de foliões dos bairros populares de Lisboa e Porto.
O manjerico perfumado, rasteiro sempre acompanhado por uma quadra
popular e a alcachofra dos campos, a que a tradição popular vem dando desde
tempos remotos um pouco de poesia e de lenda que a alma nacional recebe com
amor.
Os manjericos vendem-se na Praça da Figueira, no Rossio e nos bairros
típicos.
- “É regar e pôr ao luar”!
E lá vão eles florir, mais tarde, as janelas e varandas acalentados
pelas mãos das suas donas, refrescando-os e defendendo-os do sol do mês de
Junho, ou em noites de luar vão largando o seu perfume a viverem a sua
existência efémera mas tão portuguesa.
No intervalo dos bailaricos e dos saltos das fogueiras queima-se a
alcachofra, para que, florindo no dia seguinte, se conheçam os sentimentos do
namorado, a sua constância e firmeza no amor…Quantos momentos de ansiedade na
expectativa de uma desilusão, quantas exclamações de alegria se a alcachofra
floriu depois de carbonizada a sua florinha…
Depois do desfile das marchas populares e das correrias pelos bairros
típicos de Lisboa, ou a tradição do alho-porro (hoje martelinhos) no Porto, come-se
a “bela sardinha assada”, vê-se o fogo de artifício e lançam-se os balões, onde
se ouve gritar:
-“Ò patego olha o balão…!”
Como tudo isto é belo na sua ingenuidade, como isto é tão típico e
característico, como tudo isto fala ao coração dos portugueses…
Texto e ilustrações: marr