quarta-feira, 11 de junho de 2014

MANJERICOS, GRILOS E ALCACHOFRAS

Junho é o mês dos Santos Populares, o mês dos manjericos, dos grilos e das alcachofras. Lembrando-nos as noites de folguedo, os cantos à desgarrada, os bailaricos, os saltos das fogueiras, o cheiro a sardinha assada e as multidões de foliões dos bairros populares de Lisboa e Porto.



O manjerico perfumado, rasteiro sempre acompanhado por uma quadra popular e a alcachofra dos campos, a que a tradição popular vem dando desde tempos remotos um pouco de poesia e de lenda que a alma nacional recebe com amor.

















Os manjericos vendem-se na Praça da Figueira, no Rossio e nos bairros típicos.
- “É regar e pôr ao luar”!


E lá vão eles florir, mais tarde, as janelas e varandas acalentados pelas mãos das suas donas, refrescando-os e defendendo-os do sol do mês de Junho, ou em noites de luar vão largando o seu perfume a viverem a sua existência efémera mas tão portuguesa.


 E janela ou sacada que se preze tem que ter o seu grilo, que em troco de uma folha fresca e viçosa de alface nos delicia, principalmente nas noites quentes de Junho, com o seu grilar.



No intervalo dos bailaricos e dos saltos das fogueiras queima-se a alcachofra, para que, florindo no dia seguinte, se conheçam os sentimentos do namorado, a sua constância e firmeza no amor…Quantos momentos de ansiedade na expectativa de uma desilusão, quantas exclamações de alegria se a alcachofra floriu depois de carbonizada a sua florinha…




Depois do desfile das marchas populares e das correrias pelos bairros típicos de Lisboa, ou a tradição do alho-porro (hoje martelinhos) no Porto, come-se a “bela sardinha assada”, vê-se o fogo de artifício e lançam-se os balões, onde se ouve gritar:
-“Ò patego olha o balão…!”


Como tudo isto é belo na sua ingenuidade, como isto é tão típico e característico, como tudo isto fala ao coração dos portugueses…


Texto e ilustrações: marr

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